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    Prefeitura de Lages, SC


     

    A Coxilha Rica

    A região denominada Coxilha Rica fica na zona rural do município brasileiro de Lages, o maior em extensão do Estado de Santa Catarina. A Coxilha Rica possui cerca de 100 quilômetros de extensão na serra catarinense. É uma grande planície localizada a mais de mil metros acima do nível do mar. A vegetação predominante são as gramíneas e, onde ocorrem remanescentes de florestas, araucária. O nome (Coxilha) dá-se ao fato de a região ser formada por uma planície ondulada a perder de vista. As propriedades localizadas na Coxilha Rica são principalmente fazendas destinadas à criação de gado utilizando-se da pastagem natural. A principal atividade econômica desenvolvida na Coxilha Rica é, portanto a pecuária. Há séculos cria-se gado na região, que concentra a maior variedade de raças bovinas de corte do Brasil. Os principais rios que por lá correm são: Pelotas, Pelotinhas, Penteado, o Lageado Bonito e o rio Lava-Tudo. O solo da Coxilha Rica é pouco profundo, pedregoso, não muito fértil e coberto de gramíneas, que no inverno secam com a geada e com o forte vento minuano indo do Sul. Uma das primeiras vias terrestres de ligação entre o Sul e o Sudeste do Brasil, o Caminho das Tropas, traçado no século XVIII, passava pela Coxilha Rica. A Coxilha Rica é famosa por sua beleza e exatamente pelo fato de ser cruzado pelo já mencionado Caminho das Tropas, via por onde os tropeiros levavam gado do Rio Grande do Sul a São Paulo (Sorocaba) e sul de Minas Gerais. Graças a sua beleza natural e às suas fazendas centenárias, a Coxilha Rica é uma região propícia ao turismo rural. 


     Foto de um rio na Coxilha Rica
    Fonte: Wikipédia



    Poesia na Coxilha:


     A neve nos Campos da Serra:

    Céus agitados, firmamento inconformado com a indiferença da terra.
    Céu esvoaçante de nuvens brancas, nervosas,
    Agitadas pela placidez da Serra.
    Nuvens mensageiras de mudanças certeiras para os campos de Outono
    Com que pressa carregam mensagens frias para os habitantes
    Amantes dos Campos de cima da Serra!


    Céus agitados empurrados pelas massas antárticas viajantes,
    Breves passantes dos Altos Andes Possantes,
    Do oeste, continente circundante,
    Do Sul, das geleiras imponentes.
    Com que pressa chegam ás planícies serranas
    Para eliminar as verdes lembranças das campinas
    Amantes do sol de verão!

    Com que ciúme esconde o olhar do sol entre nuvens confusas,
    Entre nuvens difusas,
    Ligeiras como o corcel crioulo, livre e líder das manadas alçadas,
    Potros Selvagens a correr para o horizonte da Coxilha
    Em busca das beiradas dos Aparados postados para a contemplação
    Do mistério da vida.


    Céu, agitado lar da massa fria, viajante polar,
    Imponente bafo congelante de nuvens carregadas, 
    Neve soprante de amores exóticos, estonteantes,
    Constrangedora das cascatas congeladas, que, admiradas pela força,
    Param como se o tempo pedisse tempo para descansar
    Antes de seguir o fluir estrondoso de sua passagem
    Para o futuro tenebroso
    Dos homens frios de alma,
    Ainda que, no mais tórrido verão tropical.

    Neve alva, neve branca, neve leve, pluma de sonhos flutuantes
    Que ensina aos amantes o calor do aconchego
    A beleza das formas desenhadas na arte do frio carinhoso
    Que relativiza os rudes ventos soprantes das nuvens viajantes.
    Do tempo antártico que acorda o continente gelado
    Atravessa os mares endurecidos pelo frio cortante
    E viajante, atravessa o estreito de Magalhães,
    Sobe à patagônia, ricocheteia nos Andes
    E vem desesperado ao Continente das Lagens
    Amenizar sua fria solidão nos saudosos Campos ainda verdes.


    Vento polar, amante dos campos,
    Das araucárias, das canelas Lageanas,
    Das uvas e pêssegos dormentes.
    Vento polar de mãos frias e coração quente,
    Como ignorar teu amor
    Expresso nas formas puras, limpas,
    Brancas, de tua neve alva, a espalhar o encanto
    Nos Campos e montanhas Serranas!
    A tornar o Chocolate quente inspirador de amor e abraços,
    A fazer o vinho ferver o sangue da imaginação, diante do fogo da lareira
    Que queima as árvores mortas da floresta manejada,
    Encantada com o sacrifício,
    Abnegada.

    Neve em flocos mágicos de alegria dos que aceitam 
    Os açoites polares 
    Com euforia de criança encantada
    Com os sussurros dos ventos que embalam as formas
    E congelam o tempo pintado em flocos efêmeros
    Mas de impressões duradouras, inspiradoras reflexões outonais,
    Que alimentam e aquecem a alma
    Ao som crepitante do fogo no longo inverno.


    Vem, vento polar, Minuano!
    Mata as saudades das campinas serranas!
    Derrama tuas minúsculas pétalas brancas,
    Rosas alvas pendidas nos braços abertos dos
    Pinheiros autóctones hospitaleiros, sentinelas dos viajantes,
    Companheiros dos passantes, afetuosos anfitriões dos que buscam
    Paz e alegria nos confins dos Sertões Verdejantes.

    Claudio Rodrigues da Silveira