Foto de um rio na Coxilha Rica
A neve nos Campos da Serra:
Céus agitados, firmamento inconformado com a indiferença da terra.
Céu esvoaçante de nuvens brancas, nervosas,
Agitadas pela placidez da Serra.
Nuvens mensageiras de mudanças certeiras para os campos de Outono
Com que pressa carregam mensagens frias para os habitantes
Amantes dos Campos de cima da Serra!
Céus agitados empurrados pelas massas antárticas viajantes,
Breves passantes dos Altos Andes Possantes,
Do oeste, continente circundante,
Do Sul, das geleiras imponentes.
Com que pressa chegam ás planícies serranas
Para eliminar as verdes lembranças das campinas
Amantes do sol de verão!
Com que ciúme esconde o olhar do sol entre nuvens confusas,
Entre nuvens difusas,
Ligeiras como o corcel crioulo, livre e líder das manadas alçadas,
Potros Selvagens a correr para o horizonte da Coxilha
Em busca das beiradas dos Aparados postados para a contemplação
Do mistério da vida.
Céu, agitado lar da massa fria, viajante polar,
Imponente bafo congelante de nuvens carregadas,
Neve soprante de amores exóticos, estonteantes,
Constrangedora das cascatas congeladas, que, admiradas pela força,
Param como se o tempo pedisse tempo para descansar
Antes de seguir o fluir estrondoso de sua passagem
Para o futuro tenebroso
Dos homens frios de alma,
Ainda que, no mais tórrido verão tropical.
Neve alva, neve branca, neve leve, pluma de sonhos flutuantes
Que ensina aos amantes o calor do aconchego
A beleza das formas desenhadas na arte do frio carinhoso
Que relativiza os rudes ventos soprantes das nuvens viajantes.
Do tempo antártico que acorda o continente gelado
Atravessa os mares endurecidos pelo frio cortante
E viajante, atravessa o estreito de Magalhães,
Sobe à patagônia, ricocheteia nos Andes
E vem desesperado ao Continente das Lagens
Vento polar, amante dos campos,
Das araucárias, das canelas Lageanas,
Das uvas e pêssegos dormentes.
Vento polar de mãos frias e coração quente,
Como ignorar teu amor
Expresso nas formas puras, limpas,
Brancas, de tua neve alva, a espalhar o encanto
Nos Campos e montanhas Serranas!
A tornar o Chocolate quente inspirador de amor e abraços,
A fazer o vinho ferver o sangue da imaginação, diante do fogo da lareira
Que queima as árvores mortas da floresta manejada,
Encantada com o sacrifício,
Abnegada.
Neve em flocos mágicos de alegria dos que aceitam
Os açoites polares
Com euforia de criança encantada
Com os sussurros dos ventos que embalam as formas
E congelam o tempo pintado em flocos efêmeros
Mas de impressões duradouras, inspiradoras reflexões outonais,
Que alimentam e aquecem a alma
Ao som crepitante do fogo no longo inverno.
Vem, vento polar, Minuano!
Mata as saudades das campinas serranas!
Derrama tuas minúsculas pétalas brancas,
Rosas alvas pendidas nos braços abertos dos
Pinheiros autóctones hospitaleiros, sentinelas dos viajantes,
Companheiros dos passantes, afetuosos anfitriões dos que buscam
Paz e alegria nos confins dos Sertões Verdejantes.
Claudio Rodrigues da Silveira